A Bíblia não menciona seu nome. Mas saibam todos que seu nome era Ângelo. A Babilônia jamais havia visto uma criança tão bela. Seus cabelos ondulados e seu semblante puro ofuscavam o brilho dos anjos mais divinais. Seu pai, de nome Ajevni, era um renomado príncipe do rei Dario, o Medo. Como vivia ocupado, Ajevni passava pouco tempo com o filho. A mãe de Ângelo, Tereza, era quem o criava, sempre com muito amor e dedicação. Ângelo era um menino sonhador. Ele desejava melhorar o mundo, acabando com a injustiça, as guerras e o mal.
Um dia, enquanto brincava de correr pela casa, Ângelo foi surpreendido por uma terrível cena: quatro soldados do Rei Dario invadiram sua casa e disseram que, por causa de Ajevni, toda a família dele deveria ser lançada na cova dos leões. Mediante violência pai, mãe e filho foram levados como se não possuíssem valor algum.
No caminho, Ângelo foi ouvindo a conversa dos soldados. Ele pôde compreender que um inocente havia sido colocado na cova dos leões, sendo certo que seu pai, Ajevni, era um dos culpados dessa injustiça (felizmente, Deus havia salvado o inocente tapando a boca de cada leão da cova). O menino com apenas uma década de vida não era capaz de entender essa justiça que punia filho e mãe como se culpados fossem.
Chegando no palácio do rei Dario, Ângelo viu que havia outras famílias ali. As pessoas estavam muito assustadas e pediam misericórdia ao rei. Dentre elas havia uma criança que chorava copiosamente. Ângelo percebeu que se tratava de seu amigo Nabuco, um filho de príncipe, assim como ele.
O rei não se sensibilizou e ordenou aos soldados que levassem as famílias para serem lançadas na cova dos leões. As famílias, em prantos, entraram na cova e despedidas emocionadas começaram a se dar ali. Foi trazida uma pedra e foi posta sobre a boca da cova. Após, o rei dirigiu-se ao seu palácio. Ali ocorreu um banquete animado com muita música. Ao final, o rei dormiu tranquilamente com sono profundo. E aconteceu que começou a sonhar. Sonhou que conversava com Deus e este lhe dizia: “És justo, rei Dario! És justo como Eu sou!”.
Enquanto o rei sonhava, os prisioneiros na cova dos leões viviam um pesadelo. Eles ainda não haviam chegado ao fundo da cova quando os leões começaram a se apoderar deles. Com lágrimas nos olhos, Ângelo viu seu amigo Nabuco ser morto por um leão faminto. A fera pulou em direção ao menino, derrubando ele no chão. Nabuco foi facilmente imobilizado pelo pesado animal. Sem dó, o leão começou a mordê-lo. Os gritos de dor e desespero daquela criança fariam chorar até os homens mais frios desse mundo. Quando Ângelo se virou, uma cena ainda pior o aguardava: a morte de seus pais, na sua frente, de forma brutal. O menino quase desmaiou ao contemplar aquele horror. Quando os pais morreram, os leões começaram a brigar entre si disputando a carne fresca do casal. Naquele momento quase todos que entraram na cova já estavam mortos. Foi quando Ângelo pensou: “Por que Deus salvou o último prisioneiro que aqui se encontrava e permitiu que pessoas tão inocentes quanto ele fossem destroçadas pelos leões?”. Ângelo não obteve resposta. Após esse pensamento, o menino puro e inocente foi atacado por um feroz leão. Todos os seus ossos foram completamente esmigalhados.
Pela manhã o rei se levantou e foi sem pressa à cova dos leões. E, chegando-se à cova, viu que todos haviam sido mortos pelos leões, porquanto Deus não havia tapado a boca das feras. E o rei muito se alegrou disso.
Esta é uma história real que aconteceu numa cova real. Muitas pessoas em viagem ao atual Iraque costumam visitar a famosa cova dos leões, palco da tragédia de Ângelo. Nela ainda podemos ler na parede a seguinte frase escrita na época pelo próprio rei Dario: A PAZ VOS SEJA MULTIPLICADA.
FIM
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