quarta-feira, 30 de outubro de 2013

REBATENDO O DOUTO TEXTO D'O GLOBO "VANDALISMO, DEMOCRACIA E FASCISMO"

Tenho uma técnica de escrita: Só sento e escrevo quando estou exaltado, sentindo seja uma dor forte, uma alegria imensa, um ódio desgraçado, etc.  Após ler o artigo do jornal O Globo “Vandalismo, democracia e fascismo”, senti um ódio desgraçado. Hora de sentar e escrever.

“Confirmou-se a queda no apoio às manifestações na mesma medida em que grupos violentos, autointitulados Black Blocs, passaram a ganhar espaço nas ruas. Em São Paulo, pesquisa da Datafolha realizada antes do quebra-quebra de sexta, no Centro, no terminal de ônibus do Parque Dom Pedro, detectou que 66% concordavam com os atos, contra 89% em junho, ponto de partida da mobilização. Os vândalos já eram desaprovados por 95%.”

                O autor do texto faz um esforço desesperado para provar a veracidade de uma mentira, qual seja, a de que as pessoas pararam de apoiar as manifestações por causa dos Black Blocs. E para isso ele se vale da Estatística, uma velha técnica usada para manipular informações a seu bel prazer. Autor do texto, tente de novo.

                “O resultado pode ser estendido para todo o país, sem erro. A questão agora, e cada vez mais, é que estes grupos fiquem isolados e sejam tratados por instrumentos que tem o Estado para defender a sociedade e a lei.”

            Sem erro, claro, você já me convenceu com dados inequívocos. Seria eu ousado a ponto de duvidar da sua estatística?

                “A questão agora” leia-se: Estou torcendo para que eles fiquem isolados e sejam tratados com o rigor da LEI em prol da ORDEM. Law and order na veia. O autor deve ser um fazendeiro dono de terras e está desesperado com as manifestações e a quebra da ordem. O texto dele transborda desespero.

                Deve-se, ainda, cobrar do poder público um mínimo de eficiência neste trabalho policial, para que haja efetiva contenção do vandalismo, e com baixo grau de letalidade. Será dramático se houver morte — e os embates ganham tal dimensão que este risco está presente.”

            Como já era esperado, o autor no auge de seu desespero pede o aumento da repressão policial (quem é o fascista mesmo?). Ele não está satisfeito com a atuação que a polícia vem tendo até agora. Afinal, coitado, ele corre o risco de perder sua fazenda!

                “Será dramático se houver morte”, para um bom entendedor significa “se matar, beleza, fazer o que?”, porquanto tal “risco está presente” em virtude de tamanha violência. Isso me lembra a frase do filósofo russo Drago, no filme Rocky: “Se morrer, morreu”.

                Reparem na palavra “vandalismo”, sempre cuidadosamente utilizada. O autor quer focar na violência, mas não se dá ao trabalho de investigar por que a violência é utilizada pelos Black Blocs. O nome desse estratagema de linguagem chama-se “manipulação semântica”. Além de manipular a opinião dos leitores pela estatística, o autor se vale da manipulação semântica, tratando os Black Blocs de “vândalos”, como se eles quebrassem por quebrar ou mesmo para roubar (a associação dos BBs com o crime será feita adiante).

                Entre as imagens que ficarão destes tempos estará a foto do coronel da PM paulista Reynaldo Rossi, no tumulto de sexta-feira, em São Paulo, sendo espancado por Black Blocs enquanto seu segurança, um soldado à paisana, empunhava a pistola para defendê-lo, mas com o dedo longe do gatilho. Sensata também foi a oportuna decisão do coronel de gritar para a tropa não reagir”.

            You wish, fazendeiro! A imagem que ficará é a do PM dizendo “Foi mal, fessô” ou aquela “Por que eu quis!”. Falando em imagens, o jornal O Globo também manipula a opinião pública por meio das fotos, sempre destacando as imagens que eles querem que fiquem, como ônibus queimando, Coronel da PM apanhando...

Lentamente o fazendeiro traz as armas letais para o jogo, como a pistola. O autor do texto está defendendo de forma velada (?) o uso de armas letais no combate aos manifestantes. O psicólogo Sergio M. diria: “Ele está desesperado!!!”. Assim como os jovens do filme Edukators, os Black Blocs claramente atacaram a sensação de segurança dos riquinhos vazios que só querem a manutenção da injustiça e são completamente alheios ao movimento da Educação, porque se está ruim para muitos, para eles está muito bom.  

                Mais do que sensata, a atitude do coronel da PM foi cinematográfica. Se eu estivesse no lugar dele vendo que a imprensa me filmava, eu faria até melhor do que ele, dizendo: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Brasil, eu te amo! Saio da vida para entrar para a história.”. Talvez acrescentasse outros clichês para impressionar ainda mais.

            “Numa das equilibradas declarações que deu, depois, já com o lado esquerdo do tronco imobilizado, devido a uma fratura na clavícula, o coronel abordou um aspecto-chave neste novo tipo de crise de segurança que Rio e São Paulo enfrentam de forma mais direta: “(...) A ação deste grupo transcende a atuação da PM. Temos de contar com a sociedade, repudiando a ação deles. Eles não podem se sentir à vontade para se apropriar de manifestações legítimas.”

            Sinto informar que não repudio as ações deles. O povo não pode ficar passivo ante tamanha injustiça praticada por políticos corruptos, e se a violência praticada pelo Estado é grande, a resposta violenta proporcional está inserida no conceito de Legítima Defesa. Afinal, que grande violência praticada pelo Estado seria essa? Corrupção sendo a regra, repressão policial, salários criminosos para a Educação, sistema de saúde público quase declarando falência... Se o país estivesse às mil maravilhas, aí sim os Black Blocs seriam vândalos.
         Os Black Blocs não se apropriam de manifestações legítimas, eles são parte legítima das manifestações, sendo inclusive aceitos pelos nossos professores, que gritaram “O Black Bloc é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo!”.

                Há análises variadas sobre a origem deste surto de violência. Desde a identificação de uma espécie de frustração de uma franja da juventude da chamada “nova classe média”, não qualificada pelo ensino público básico para ascender socialmente, até a infiltração, pura e simples, de bandidagem e de interesses do submundo político — aspectos que não se excluem.”

                Essa parte é a mais engraçada do texto do fazendeiro. Ele está com tanto ódio desses jovens que lutam por um país melhor que os chama de frustrados e bandidos. Não é uma interpretação séria, antes um ataque ridículo que sequer merece nossa atenção.

                O fazendeiro afirma que o ensino público básico não preparou o Black Bloc para ascender socialmente. Isto ocorre porque o ensino público é de péssima qualidade, já que o investimento não é feito como se deveria. Mas os Black Blocs já perceberam isso e estão nas ruas lutando para melhorar a Educação do Brasil.

                Mas o ponto central, agora, é o isolamento do vandalismo, pois, longe de exercer o direito democrático à livre manifestação, ele atenta contra a própria democracia, por desafiá-la. O direito à total liberdade de expressão se refere ao conteúdo da mensagem expressa, não do meio.”

            Sempre essa preocupação desesperada de isolar o vandalismo, separar os atos violentos da manifestação dita legítima. Porque a manifestação calma não incomoda o fazendeiro, não incomoda os políticos, não incomoda ninguém, logo não conquista nada. O grande Rudolf von Ihering já dizia que o Direito nasce da luta. Lutemos pelos nossos direitos, pois do contrário eles não nos serão dados de mão beijada!
                “Por mais liberal que seja o regime, violência não pode ser admitida. Eis por que o espanto quando professores sindicalistas apoiaram os Black Blocs. Tanto que militantes discordaram dos companheiros, e com acerto. Também assusta a simpatia para com vândalos em meios intelectualizados.”

                Na ótica do fazendeiro, só a violência que convém a ele é admitida: a violência policial. A violência praticada pelo Estado contra o povo não parece incomodar o fazendeiro. Ela não afeta suas cabeças de gado.

                Não me assusta que meios não intelectualizados como os fazendeiros sejam contra os violentos Black Blocs. Acho normal os meios intelectualizados defenderem eles. Para se defender algo violento, é preciso pensar, e isso os intelectuais fazem.

“Hordas de depredadores nas ruas remetem ao fascismo e sua prática de perseguir e agredir fisicamente quem ele considera inimigo. Foi assim na Europa nas décadas de 30 e 40 do século passado.”


                Manipulação semântica até dizer chega. A defesa da repressão policial desse texto me remete ao fascismo. Já a violência dos Black Blocs é uma arma importante do movimento pela educação. A maioria dos educadores do Brasil ganha menos de R$ 1.000,00 (imagine uma estatística qualquer). Você, leitor, acha isso justo? Enquanto persistirem violências do Estado para com o povo, o povo estará do lado dos Black Blocs. Educação sempre!

sábado, 12 de outubro de 2013

GRÉCIA E ROMA NO IFCS-MARXISTA-RASO

O mundo greco-romano é muito vasto e complexo. Devemos a ele nosso idioma, filosofia, literatura, arquitetura, tecnologia, poesia, entre muitos outros exemplos. O mundo greco-romano foi grande, criou seres humanos notáveis, e somos seus eternos devedores.  Mas não para o IFCS-marxista-raso... Este omite criminosamente todas essas grandiosidades, todos os filósofos, todos os poetas, todos os imperadores (!!!) e resume esse mundo antigo incrível a uma sociedade injusta, pois o povo não participava da política ativamente e porque havia escravidão. A aula poderia estimular, elevar, fazer o sangue ferver, nos deixar apaixonados por história! Mas faz apenas dormir.
Quando Marx - esse iluminador teatral - muda a luz dos grandes para o povo, e o coloca na posição de protagonista da história, os grandes passam a ser pequenos e os pequenos grandes. Agora tudo é o povo, o povo! Alexandre, o Grande nem será citado no curso. O IFCS-marxista-raso considera Alexandre pequeno. Os imperadores de Roma não serão tratados, um por um, porque eles eram opressores, e o povo, um santo oprimido. Citando os imperadores e seus grandes feitos, corre-se o risco dos alunos flertarem com “o opressor”. Homero de fato está sendo estudado... para analisarmos como era a situação do povo grego a partir de seus poemas! Mais do que ser marxista, o problema é ser um marxista raso, aquele que só entende a linguagem do opressor vs oprimido. Sinto informar que há mais coisas fora dessa fórmula. Há um verdadeiro abismo dividindo as mais diversas e complexas relações humanas e essas duas palavras “opressor” e “oprimido”, usadas para qualificar todas essas relações.
Eric Hobsbawm era marxista, mas não um marxista raso. Todo historiador deve ter a liberdade de possuir sua opinião política, isso não está sendo aqui discutido. A questão é que os livros de Hobsbawm seriam problemáticos se fossem panfletos como as aulas de antiga são; mas ao contrário, suas obras são excelentes e verdadeiras aulas de História. Em Hobsbawm, a História não é assassinada em prol de uma visão política radical de esquerda. Pois é justamente isso que o IFCS-marxista-raso faz com a educação: homicídio. Afinal a faculdade é de história ou política? A mão podre do marxismo raso transforma todos os cursos de humanas, seja História, Ciências Sociais, Geografia ou Filosofia, NA MESMA COISA. O que deveria ser uma aula que dá cultura ao aluno, enfoque crítico e liberdade de pensamento, é uma doutrinação da esquerda que quer angariar mais adeptos para sua tão sonhada revolução proletária (para isso, é necessário usar a educação). O professor pode e deve expor suas opiniões políticas em aula, porém assassinar a história, omitir fatos importantes, deturpar outros, impor sua visão e falar somente da situação do povão em TODAS AS AULAS é inadmissível!
Os historiadores marxistas rasos, juízes implacáveis desprovidos de sentido histórico, julgaram e condenaram a Grécia e Roma antigas. Ao invés de tentar entender a época COM OS VALORES DA ÉPOCA, eles de cima olham a história antiga que colocaram num patamar abaixo e pintam ela de vermelho após Marx - esse exímio pintor – ter trazido sua aquarela de uma cor só.
Seria eu contra o povo então? Seria o mundo justo? Não! Sou contra o assassinato da história pela política. Sou contra resumir um vasto curso de história da Grécia ou de Roma a essa ideia de que o povo grego e romano foram oprimidos e ponto final. Sou contra condenar os grandes nomes da humanidade a vilões opressores. Sou contra assassinar a ideia de historia magistra vitae (história mestra da vida). O povo merece dignidade, liberdade, educação de qualidade, salário justo, lazer e cultura. Se o povo precisar ir às ruas para lutar por isso, o direito estará com ele. Mas a coitada da história não pode pagar com a vida pelas injustiças que de fato existem nesse mundo.