sexta-feira, 30 de outubro de 2015

METAPOEMA

Minha meta é escrever um poema
Que seja lido e compreendido por todas as gerações,
Que extraia rios de lágrimas dos olhos
De todas as raças e classes sociais

A tua meta é enriquecer
e para atingi-la tu gastarás tua vida,
tua saúde e tua verdade.
Contudo, somos velhos amigos, e te desejo boa sorte.

A minha meta é escrever um poema
Tal qual um colosso, um titã,
que abarque toda a nossa era,
e seja uma mistura de amor e abalos sísmicos

Pela análise de nossas metas, conclui-se o seguinte:
Há uma enorme incompatibilidade entre nós.
Porém, sei que sempre seremos bons amigos,
relembraremos nossas histórias e daremos gargalhadas.

A minha meta é escrever um poema,
e por isso tu dizes que não sou ambicioso.
Nada mais equivocado, meu amigo...
A ambição não é monopolizada pelo dinheiro

Quero que façam uma estátua minha,
com um violão debaixo do braço,
sentado numa pilha de livros.
Podem colocá-la em frente à Cachaça da Lapa.

Quero que os pombos boêmios me batizem
cagando suas bostas sagradas em minha cabeça.
E, na diminuta placa, favor não escrever que fui grande,
pois minha época não permite que eu assim o seja.

Escrevam apenas: "Eis um homem que viveu plenamente".