sexta-feira, 16 de agosto de 2013

RUÍNAS

Ruínas...
Aquele cinema abandonado,
Com o letreiro caído,
Que virará uma igreja evangélica,
Isto é uma ruína.
A Grécia atual, tão distante
Do esplendor do antigo império,
Ela inteira é uma ruína.
Aquele playground
Do meu prédio de infância,
Outrora cheio de crianças,
Gritos, sonhos e risos,
Hoje vazio e morto,
Não passa de uma ruína
              
Amo as ruínas,
Porque as compreendo;
Compreendo as ruínas,
Porque sou ruína.
Ruína: O que ontem foi algo,
E hoje não é mais.
Quando eu amava e me amavam,
Era só vida, potência, profundidade
Prazer e verdadeira felicidade
Era o meu esplendor, apogeu
Desse império chamado amor.
Hoje sou o que restou, quase nada:
Uma coluna dórica rachada.

Recentemente contemplei
As ruínas de Machu Picchu
Decepcionado, constatei
Que mirava um espelho...
E eu que sonhava viajar
Aos quatro cantos do mundo,
E conhecer as ruínas que existem,
Minhas irmãs em sofrimento...
Ora, tenho espelho em casa,
De nada serve viajar.
Por que devo ir a Roma,
Para ver o Coliseu?
Eu sou o Coliseu!
Não o grandioso Anfiteatro
Da época dos gladiadores
(Esse já fui, mas não mais).
Sou o Coliseu dos turistas,
Quebrado e sem vida.

Oh, como é dolorido ser ruína!
Lembrar da gloriosa era imperial
E ter a certeza absoluta
De que ela jamais retornará...
Eu choro com a Grécia medíocre,
Com o cinema abandonado,
E com o playground vazio.
Choro com todos os arruinados
Porque é tudo que me resta...
Aqui termina o lamento
Dessa eterna ruína ambulante

Senhores turistas, caso desejem me visitar
Fiquem à vontade, eu moro na Tijuca.