Eu queria o
poder
Queria tomar
o poder
Poder ser
poderoso, o mais poderoso do mundo
Poder fazer
da minha palavra lei
Ah, o
poder... eu queria poder, mas não posso
Se eu
pudesse, agasalharia toda criança
Que neste
momento treme de frio
A primeira
seria aquele negrinho magro e pobre
Razão de ser
deste poema
Como treme o
pobrezinho!
Eu tremo ao
contemplar sua dor
Quem está
por ele? Deus?
Deus dorme
agasalhado numa cama quente celestial
Quem for
esperar Godot, que espere sentado
Ele tão cedo
não vem...
Aquele
negrinho está só
Sozinho em
companhia das mazelas sociais
Eu queria o
poder
Queria tomar
o poder
Poder ser
poderoso, o mais poderoso do mundo
Poder
realizar grandes feitos
Ah, o
poder... eu queria poder, mas não posso
Se eu
pudesse, alimentaria toda criança
Que neste
momento sente fome
A primeira
seria aquele mesmo negrinho
Que tremia
de frio e ainda treme
(Pois eu não
tenho poder)
Como é pobre
o tremidinho!
Aposto que
não comeu faz tempo
Quem está
por ele? Deus?
Deus degusta
agora um manjar divino
Regado a
vinho e hidromel
Ele está
bastante ocupado
Aquele
negrinho está só
Sozinho em
companhia da fome e do frio eternos
“Qual a
necessidade do poder?
É um
negrinho apenas
Dê um casaco
e farinha para ele!”
Não! Aquele
negrinho não é só um negrinho
Aquele
negrinho é um símbolo
Aquele
negrinho são todos os negrinhos
Que sofrem
de fome e de frio
Nem negrinho
aquele negrinho é
Ele é de
todas as cores
Negro-amarelo,
negro-vermelho, negro-marrom, negro-preto
E, por que
não, negro-branco
Dizem que o
artista pode tudo
Com sua
infinita criatividade
(Imponentarte)
Eu fiz um
poema
Este poema
não vai matar a fome do negrinho
Tampouco vai
aquecer o negrinho
Eu queria
mesmo era poder podar
Todo mal que
assola o mundo
Mas nada
posso. Isso posso: NADA
(Impotentarte)